Era quinta-feira, o dia amanhecia como qualquer dia nos meses de verão. O sol forte ofuscava a visão de qualquer um que se arriscasse sair de casa sem um óculos apropriado.
Era o celular que anunciava uma chamada vindo da capital do estado. Atendi, tendo uma ótima notícia.
Ah! esquecí de informar que eu havia sido convidado para participar de uma exposição na cidade de São Paulo e lá estariam vários lojistas voltados a negociação de diversos produtos e eu, quer dizer, os meus produtos estavam lá sendo observados por um mar de olhos, atentos a qualquer detalhe que os agradasse. Então foi assim, tres dias de muita gente e também muitos produtos, e eu contemplado com sete pedidos. Esta era a quinta vez que eu participara do citado evento, nas outras quatro não havia chegado sequer um pedido, contudo as peças que tinham sido expostas haviam sido vendidas; dos males o menor.
No dia seguinte por volta das dez horas da manhã, estava eu concluindo a confecção de um pedido quando sentí um tremido, desta vez no bolso direito, era o velho e quase sem cor celular denunciando uma nova chamada. A informação dava conta do tal e-mail tão esperado, sem dúvida angustiante!
Com brevidade técnica disseram-me: consulte seu e-mail e acuse recebimento.
Também não deixei por menos, fui mais breve: muito grato e bom dia!
A máquina havia ficado ligada sem que eu percebesse, portanto, ao encerrar a ligação, desliguei-a.
Dirigí-me à lan rouse para verificar o tal e-mail, chegando lá cumprimentei o proprietário por nome de João Marcos. Um sujeito legal, quer dizer pelo menos agora, num passado não muito distante tivemos um bate boca, deixemos de lado.
Deslumbrei! estava lá, era ele o tal e-mail ou bilhete, recado, enfim...
Abrí o e-mail e veio a decepção, só não caí por estar sentado.
Só para situarem-se o porque da desventura, vou deixar-lhes informados quanto a questão da negociação.
A venda feita para lojista é realizada com certos critérios, ou seja: valor menor que para varejista, em contra partida a quantidade de peças negociadas, nunca menor que dez.
Pasmem, a quantidade de peças vendidas in loco não foram sete, mas cinco. Os pedidos que informaram por telefone sendo em numero de sete, foram exatamente quatro, tudo bem, as coisas comigo sempre acontecem de tal forma, já me acostumei!
Calculei rapidamente na mente a quantidade de peças pedidas em número de quarenta, obedecendo os tais critérios já mencionados.
Sem que atentasse à realidade dos pedidos ou quem sabe dos não pedidos, após alguns minutos consegui cair na real e identificar depois de varias olhadas,que o pedido maior se restringia a tres peças e os demais a uma peça, a desolação foi total!
Ainda não querendo acreditar no fatídico, fiz um control p, que quer dizer no nos
so dialetal, imprimir.
Bem... duas folhas e tres centimentros de impressão em outra folha, não entendi, poderia ter saído tudo em duas folhas, tinha espaço suficiente, deixa para lá, não
estava a fim de ficar mais aborrecido!
Entregaram-me as tres paginas acompanhadas de um sonoro, senhor! sessenta centavos, retirei o valor informado do bolso esquerdo, executando o pagamento.
Voltando à minha residência, diga-se de passagem não é distante, precisando somente atravessar a rua com redobrada atenção para não ficar prostrado no asfalto já marcado de sangue por diversos acidentes graves devido ao fluxo de veiculos. Enfim em casa!
Dirigi-me ao atelier sentando-me numa cadeira plástica, que como de costume encontra-se próximo à porta traseira da casa.
Antes que me debruçasse sobre aquelas pálidas folhas, que não estavam mais brancas por conta da impressão preta bem escura, veio à mente o valor sessenta centavos, perguntei-me mentalmente; sessenta centavos?
Não, não estava acontecendo, não era possível! Sim, era possível! aconteceu!
Cuidei de tranquilizar-me e aceitar o inaceitável, pois, se cada xerox é dez centa-
vos portanto não poderia ser sessenta centavos!
A minha começou a me cobrar desorientadamente dizendo-me:
acorda idiota, cai na real e vai reclamar! por um instante quase me levantei
aceitando a sujestão dos meus neuroneos.
Mais uma vez pensei, não vale a pena ficar mais aborrecido.
Ao cair da tarde tentei entrar em contato com os quatro supostos clientes, só con-
seguindo falar com dois, informei aos mesmos o motivo da não entrega citando os
tais critérios.
Dos dois um aceitou as condições pedindo-me dez peças e que as mesmas fossem
de cores diferentes, respondi imediatamente que não era problema.
Passados oito dias voltei a entrar em contato, perguntando se ainda havia interes-
se, a resposta veio rápida.
Monossilabicamente respondeu a não cliente através de um NÃO! colocando por
terra a esperança do último pedido.
Que fazer, era só tocar a vida e esperar outra cacetada pelo menos menor.